PRESIDENTE DA CÂMARA MUNICIPAL DE MONTEMOR-O-VELHO
Como avalia o atual estado das florestas no concelho de Montemor-o-Velho e quais são os principais desafios que identifica na sua preservação e gestão?
As áreas florestais ocupam cerca de 39% do concelho, ou seja, 8.963 ha. São áreas constituídas sobretudo por povoamentos em monocultura, de pinheiro e eucalipto.
Um dos principais desafios nos quais o Município está empenhado é travar o avanço das arborizações ilegais. Por outro lado, é também fundamental sensibilizar os proprietários que pretendem realizar arborizações devidamente legalizadas para a importância de selecionar espécies autóctones adaptadas às condições edafoclimáticas locais e de adotar as medidas de gestão adequadas, que lhes permitem garantir um maior lucro de forma sustentável, beneficiando não só o seu povoamento, mas todo o território envolvente. Só assim é possível criar uma floresta ordenada, capaz de potenciar ordenamento e a gestão ativa da paisagem, aumentar não só a resiliência do território aos incêndios rurais, mas também mobilizar os recursos e investimentos de suporte que propiciem a revitalização económica e o desenvolvimento local sustentável.
Quais têm sido as principais iniciativas da Câmara Municipal para promover práticas de gestão florestal sustentável?
O Município colabora com a CIM (Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra) em diferentes projetos que visam promover a transformação estrutural do setor florestal. No âmbito da Agenda TransForm, participamos no projeto de execução do parque de recolha de biomassa e o seu aproveitamento em diversos equipamentos municipais. O projeto “Resina Natural 21” visa modernizar e tornar a produção da Resina Natural mais sustentável em Portugal. O consórcio, liderado pelo CoLAB ForestWISE, integra a CIM, e o Município de Montemor-o-Velho colabora. No projeto RESIST (Regions for climate change resilience through Innovation, Science and Technology), por iniciativa deste Município, em parceria com Instituições de Ensino Superior, estamos a estudar as condições de armazenamento e de secagem da estilha, produto das atividades de limpeza florestal, para o futuro aproveitamento em caldeiras de aquecimento.
Considerando os efeitos das alterações climáticas, como vê o futuro das florestas em Montemor-o-Velho, e que medidas considera essenciais para garantir a sua resiliência?
Existe a preocupação no Município de garantir um melhor ordenamento da paisagem rural, considerada no seu todo, seja no plano florestal ou no plano da agricultura moderna e da excelência dos seus produtos, visto que temos os melhores solos de produção agrícola do país.
No âmbito dos resíduos florestais decorrentes da limpeza das faixas de gestão de combustíveis, estamos a promover a constituição de um parque de tratamento de estilha, a ser utilizada como fonte energética nas nossas instalações desportivas (piscina), fomentando assim a economia circular nas infraestruturas municipais.
Mais que tudo, o ponto fulcral é fixar a população e criar valor económico no solo rural, muitas das vezes esquecidos nas políticas de desenvolvimento rural. PF
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